terça-feira, 14 de abril de 2015

O filho único

Bento era um menino encantador. 
Estava sempre bem disposto. 
Ainda na sua cama, gritava:
- Bom dia, pai! Bom dia, mãe!
Em seguida, calçava os chinelinhos, escovava os dentes e esperava o café da manhã. 
Depois de alguns goles de leite e abocanhadas no pão com mel, levantava os bracinhos e soltava a sua frase predileta:
- Pilhas recarregadas!
E ai. Bom... ai o dia começava prá valer!
Pela manhã, muitas brincadeiras. 
À tarde, escola. 
Na volta da escola, mais brincadeiras. 
Se fosse, segunda ou quarta-feira, aulas de artes marciais.
E à noite, banho e cama. 
Não! Parece que esta última frase não era bem assim. Na verdade, esse era o sonho de seus pais.
Bento nunca dormia cedo. Só se entregava ao sono, quando não aguentava mais.
Pois bem. Vocês que são espertos, me ajudem. Eu estou esquecendo de algo nessa história?
Ah, de bichos de estimação?
Pois é, esqueci de contar. A família de Bento tinha dois gatinhos. 
O Frajola, que era o mais carente, passava o dia pedindo carinho. 
E o Branquinho, que mais parecia um cachorro. Sempre disposto a entrar nas travessuras de Bento.
Mas não era isso que vocês estavam pensando? Estavam sentindo falta de outros personagens? 
Ah, sim. Entendi. Irmão? Irmã? 
Puxa, dessa vez eu não esqueci. Bento não tinha irmãos. Era filho único.
Seus pais não puderam ter outros filhos. 
Ele era um só. Mas atenção: Bento não era sozinho! Tinha um monte de primos e amigos!
Pessoas que o amavam e se divertiam com ele.
Pessoas que completavam um pouco do espaço de um irmão.
Falei um pouco, porque ninguém substitui um irmão.
Eu mesma, tenho três: duas irmãs e um irmão. E olha, não os troco por ninguém!
Mas o que fazer quando a vida não nos dá um de presente?
Pois bem. Essa é uma pergunta que o próprio Bento pode responder:
- Brinque! Se divirta! Faça uma coleção de amigos! E trate todos como irmãos!
Gostaram da resposta? Eu gostei. 
Se bem que sou suspeita para falar. Deixa eu me apresentar: sou a mãe do Bento. 
E sinto o maior orgulho do meu filho único! 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Lacuna


Não vou me desculpar pela ausência no blog. Todos que sabem o quanto o tempo é uma questão de prioridade, entenderão.
( A propósito, não me contive e quero dividir com vocês a fofura que está o Matheus. Agora com 8 meses, 8,340 kg e 68 cm.)


Continuando...


Passei quase 24 horas na sala de recuperação.
Voltei ao quarto e não via a hora de rever o Matheus. Ainda sentia muitas dores e estava com dificuldades para caminhar.
Com o auxílio de uma cadeira de rodas, finalmente consegui acompanhar meu marido até a UTI Neonatal. Durante o tempo em que estive "de molho", foi ele quem zelou pela nossa cria.
Ao chegar na sala onde meu filho estava, não foi nada agradável vê-lo dentro de uma incubadora, cheio de fios, sondas e aparelhos. Só então me dei conta do seu tamanho e do quanto era indefeso. O choro foi inevitável. Agora incontido, descontrolado.
Nenhuma mãe é forte o suficiente prá não se abalar com a fragilidade do filho. Mas toda a mãe é uma super-mulher prá ajudá-lo a vencer. E agora, era esse o meu papel. O Matheus precisava de mim, a começar pelo meu amor, e claro, pelo meu leite!



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Parênteses: 6 meses!!!


Hoje resolvi abrir um parênteses na história do Matheus e comemorar em breves linhas, o sexto mês de vida do meu filho amado! Na realidade, é uma pequena oração.
Ao Deus que acreditamos,

Continua a abençoar, proteger e iluminar o nosso filho, Senhor!
Que possamos, como pais, dar o nosso melhor. Que ele cresça no caminho do bem e entre pessoas que o amam.
Que seu sorriso nos encante a cada dia e nos dê a certeza de que a vida é um presente!
AMÉM.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Parir, dar a luz, trazer ao mundo

Era meio-dia. Foi tudo muito rápido.

Primeiro a anestesia. Em 10 minutos eu já não sentia mais minhas pernas.

Depois a sensação do corte. Algumas palavras da médica e o anestesista empurrou vigorosamente a minha barriga para baixo.

Por fim, uma forte pressão e um vácuo...

Foi então que ouvi o choro mais lindo desse mundo e meus olhos se encheram de lágrimas.

Eu havia dado a luz! Afinal, a luz!
Meu filho estava vivo! Nós estávamos vivos!
Vida! Bendita vida!

Vera, a obstetra, ergueu meu filho. Não tive noção do seu tamanho. Percebi que era todo perfeitinho. Pensei: "Ele é lindo!"

O levaram rapidamente e meu marido o acompanhou.

Fiquei ali sozinha, sendo literalmente costurada. Mas pouco importava. Eu agora era mãe!

Alguns minutos mais tarde, a pediatra trouxe meu filho, já vestido e com gorrinho.

Suas medidas: 1,765 kg e 41 cm.
Meu Deus, era mesmo pequenino! Eu queria abraçá-lo, protegê-lo, tocá-lo, beijá-lo.

Dei um longo olhar pro seu rostinho e pro Márcio que estava ao lado. Minha família!

É difícil encontrar palavras que descrevam o momento, mas a principal é amor.
Um amor que faz o pensamento parar. Um amor que faz compreendermos o infinito.
Amor... Amor... Amor... Amor... e mais Amor...

Novamente levaram aquele "pacotinho" da sala.
Nos reencontramos mais de 24 horas depois. Mas isto é assunto prá um outro Post!

Antes da luz

Não foi por falta de tempo, vontade ou algum imprevisto que deixei de escrever faz alguns dias. Tentei afastar meus fantasmas e relembrar, na ordem da minha narrativa, o dia 24 de março. Foi então que percebi, o quanto ainda é difícil prá mim, contar o nascimento do meu filho amado.

Acordei bem disposta na terça-feira. Tomei o café da manhã e fiquei assistindo TV. Foi lá pelas dez e meia que uma leve dorzinha de cabeça começou a me incomodar. No início, achei que seria passageira, mas logo percebi que poderia ser algum dos sinais de agravamento do quadro. Comentei com meu marido e decidimos chamar a enfermeira. Mediram a minha pressão e não gostaram do que viram. Rapidamente, entraram em contato com a obstetra e a deixaram a par da situação. Ela pediu que eu fosse encaminhada ao Centro Obstétrico para novos exames.

Novamente, lá estava eu numa cama do C.O. com o Márcio me segurando a mão, sendo examinada por alguns plantonistas e apavorada. Por entre os sussurros das enfermeiras, percebi que havia chegado a hora. Tentei me acalmar, mas o medo era tanto que eu só pensava em manter a consciência e não "apagar".

Falaram que a Vera, minha médica, chegaria por volta do meio-dia e que até lá ficariam me monitorando. Que nada! Estavam me preparando para o parto. Minha pressão havia chegado a 20x14 e não tinha mais o que fazer. O Matheus deveria nascer!

Começaram a ministrar medicação intravenosa e minhas veias rompiam com facilidade. Ouvi dizer que era pela pressão sanguínea. Meus braços estavam ficando roxos dos piques. O nervosismo era geral. Meu marido fazia "cabaninha", tapava com suas mãos meus olhos, para que não enxergasse a quantidade de picadas. Foi ai que comecei a mentalizar coisas boas. Além de Deus, eu tinha ao meu lado um cara que me amava e que me protegia. O nosso peixinho viria ao mundo são e salvo!

domingo, 13 de setembro de 2009

Repouso

O final de semana foi de muita paciência...

Não podia sair da cama, exceto para ir ao banheiro. Deveria me manter deitada sobre o lado esquerdo do corpo, já que essa posição auxilia na circulação sanguínea. De tanto em tanto, mediam minha pressão, que não baixava de 14x10 mesmo com medicamentos. Tomei duas injeções de corticóides, uma em cada dia, para acelerar o amadurecimento dos pulmões do Matheus. (Essa é uma das grandes preocupações no nascimento de bebês prematuros).
Recebi algumas visitas, vários telefonemas, mensagens carinhosas, mimo do marido, pai, mãe e irmãos. Todos queriam me acalmar, pois sabiam que a palavra repouso não fazia parte do meu vocabulário.
Segui todas as recomendações, afinal esse esforço era por um bom motivo. Além disso, estava munida com um arsenal de palavras-cruzadas, livros e revistas. Tá certo que não tinha cabeça para esforço mental, mas era uma forma de distrair meus pensamentos que estavam fixos nos riscos que corríamos.

A segunda-feira transcorreu tranquila.

Eu tentava lembrar das palavras da minha médica: "um dia por vez". Fora isso, ficava atenta aos sinais de agravamento. Caso eu sentisse dor de cabeça, visão turva ou com pontinhos luminosos ou náuseas, deveria comunicar rapidamente às enfermeiras. Por enquanto, nada disso! Viva!!!

sábado, 12 de setembro de 2009

O inesperado...

Sexta-feira, 20 de março de 2009.

Estava me arrumando prá enfrentar mais uma viagem até Guaíba, cidade na qual trabalhava, quando decidi não arriscar e ligar prá Vera, minha obstetra.

Fiz um telefonema curto, a informando sobre a pressão elevada da noite anterior. Achei que ela me tranquilizaria. Mas a invés disso:

"Gabi, vai agora pro Centro Obstétrico do Hospital Moinhos de Vento fazer o mapa. Precisamos monitorar os batimentos do nenê e ver como se comporta a tua pressão."

Prontamente, peguei bolsa, marido e celular (não necessariamente nesta ordem) e me toquei pro hospital. Não imaginava que só retornaria à minha casa quase 10 dias depois, com o barrigão sem meu filho e os braços vazios.

Chegando ao Moinhos, fui encaminhada para o C.O. (Centro Obstétrico), onde mediram a pressão, fizeram alguns exames de sangue e colocaram uma cinta na barriga para verificar os batimentos e movimentos do Matheus.
Com nosso peixinho amado, estava tudo bem. Comigo, as coisas eram mais preocupantes: pressão 17x11. Segundo o médico plantonista, as chances de pre-eclampsia eram muito altas, mas deveríamos aguardar a confirmação da minha médica.

Por volta das duas da tarde chegou a obstetra e foi direto ao assunto:
"Tu estás com um quadro de toxemia, também conhecida por pre-eclampsia. Não sabemos como essa doença surge, mas sabemos como evitar complicações. De hoje até daqui 2 semanas, terás que ficar internada em repouso absoluto para que consigamos fazer o parto com pelo menos 34 semanas de gestação."

Pronto, meu mundo caiu. Nunca, em toda a minha vida, precisei de qualquer internação. E agora, que eu carregava outra vida, estávamos correndo risco. Olhei pro meu marido, que segurava minha mão, e comecei a chorar bem devagarinho com medo que o pranto aumentasse ainda mais a pressão. Chorei pelo inesperado, rezei por mim e pelo meu filho, pedi a Deus que nos protegesse. Teríamos que ser fortes e aguardar esses 14 dias para que nosso bebê pudesse vir ao mundo com mais segurança.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cinco dias antes de me tornar mãe!

Aos poucos, vocês me conhecerão. Então, vou me revelando através dos momentos da minha história.

Foi numa quinta-feira à noite que o susto começou.

Depois de um dia cansativo de trabalho, cheguei em casa acompanhada do meu exuberante barrigão. Fui direto pro banho e mais uma vez, não pude conter o espanto ao ver meus pés ultra-hiper-super-inchados. Mas tinham dito que era assim mesmo, que o inchaço fazia parte do jogo. E eu, confortada por um belo pre-natal durante esses 7 meses de gravidez, não desconfiava de nada. Minhas taxas de glicose estavam ótimas e minha pressão baixa, o que era um bom sinal. Única coisa que me incomodava era o peso, que estava beeem acima do recomendável... Arghh... Mas como fazer dieta tendo outra boca prá alimentar?

Pois bem, de banho tomado, deitei na cama e liguei a TV. Passado algum tempo, meu rosto começou a formigar. Achei que tinha sido a água quente do banho ou reação alérgica ao xampu. Como a coceira não passava, sabe Deus o motivo, resolvi medir minha pressão. E tcharan... para minha surpresa estava 16x10. Mesmo assim, fiquei tranquila, achava que era consequência de preocupações e que logo baixaria.

Meu marido chegou e contei prá ele. Combinamos que ficaríamos monitorando a pressão até a manhã do dia seguinte.